AVISO: Se ainda não viu nenhum dos filmes, e pretende, não continue lendo, se já víu os três primeiros e ainda não viu o quarto, também não prossiga. Spoilers a seguir.
Estive enrolando por muito tempo para escrever uma matéria sobre os filmes da cine série Pânico por que não?, o motivo de tanta enrolação foi que eu queria abordar todos os filmes da franquia, falar desde o primeiro Pânico até o último lançado no mês de abril passado, Pânico 4.
Acredito que se você leitor, não for uma pessoa que se identifica com o gênero, terá um tédio tremendo ao ler esse post, provavelmente ao final ele estará imenso. Wes Craven foi e é um dos meus diretores preferidos do gênero terror, trash, suspense e o que mais entrar nessa lista. Busco acompanhar o trabalho de Wes desde que vi, ainda muito garotinho, o filme A Hora do Pesadelo de 1984, que lançava um dos maiores ícones do terror mundial, Freddy Krueger.
O que me chamou a atenção no anúncio de divulgação do primeiro Pânico, lá em meados de 96 foi o nome que regia a direção, Wes Craven. Até então, não conhecia o roteirista, e o elenco também me passaria em branco, a não ser por Neve Campbell, que eu conhecia do seriado Party of Five, passava no canal fechado Sony e posteriormente chegou a ser exibido na extinta Rede Mulher, também teve uma rápida passagem pela Rede Record com o nome de O Quinteto, em meados dos anos 90. Quer relembrar a abertura do programa? É pra já:
Pois bem, ví Pânico no cinema e saí atordoado com o novo conceito, achei o roteiro fantástico, Wes tinha acertado a mão na direção e o elenco era jovem e promissor. O filme revitalizou o gênero nos anos 90 de forma semelhante à que Halloween de 78 fez na segunda metade dos anos 70, utilizando um conceito que combinava cenas assustadoras com diálogos que satirizavam os clichês dos filmes de terror.
Entrei acreditando piamente que Drew Barrymore seria a estrela principal, mas não foi, sua morte, nos primeiros 10 minutos de filme foi uma loucura pra mim, que diretor mataria sua atriz principal logo de cara? Hitchcock foi corajoso ao fazer isso em Psicose, mas, isso daria certo? Deu, e muito. Pânico aos poucos ganhou público, virou hit, era aquele filme que todo mundo queria ver ou saber sobre, tornou-se um grande sucesso comercial em sua estréia e foi um dos filmes mais lucrativos de 1996, sendo aclamado por críticos de todo o mundo. Nascia então um novo roteirista, Kevin Williamson. Confira a cena de abertura, Drew como Casey Becker, considerada clássica atualmente:
Dois anos depois o inevitável aconteceu, Pânico 2 prometia tudo o que seu antecessor trouxe de inovador e algo mais. Contei os meses para poder ver essa sequencia, torci ansiosamente para que o filme estreasse aqui na minha cidade no dia certo, sabem como é, cidadezinha do interior geralmente atrasa nas estreias, diferente das capitais. Vi Pânico 2 no dia que estreou no Brasil, me perguntava quem seriam os assassinos, poderia ser um só dessa vez, ou três, pensei em infinitas possibilidades para a trama, o que poderia dar errado? Nada! O trio principal estava de volta, Wes dirigiria novamente e Kevin assinava o roteiro, além do longa trazer novos talentos no elenco, alguns conhecidos, outros introduzidos.
Pânico 2 não foi melhor que o original, mas foi sensacional, Sidney na faculdade, o filme baseado em sua vida sendo lançado nos cinemas, cenário perfeito para a volta de Ghostface. É nesse que somos introduzidos ao filme dentro do filme. De novo, cena de abertura impactante, mais violenta, duas vítimas num cinema lotado.
Pânico 2, depois do primeiro era meu preferido, até ver o 4, falarei mais no final sobre este. O filme arrecadou um total de $172,363,301 ($101,363,301 nos EUA e $71,000,000 em outros países) tornando-se o 7° filme de terror da história a ultrapassar a barreira dos 170 milhões de dólares em bilheteria. Antes dele, somente Tubarão, Tubarão 2, Drácula de Bram Stoker, Entrevista Com o Vampiro, O Exorcista e o primeiro Pânico conseguiram essa façanha. Pânico 2 foi o filme de terror mais visto em 1997/1998 no mundo todo.
Mas, como em time que está ganhando não se mexe, Pânico 3 foi um caso a parte, lançado no ano 2000, sendo o terceiro e último capítulo da trilogia, esse não foi assinado por Kevin Williamson, mas seria dirigido por Wes Craven. Embora o trio principal estivesse de volta, não me senti confiante, pois muito do sucesso de Pânico vinha do roteiro muito bem desenvolvido.
Resultado: Pânico 3 foi de longe o pior filme da franquia, escrito por Ehren Kruger que não é parente do Freddy, o filme teve uma trama arrastada, misturada, muito satirizada que não combinou com a proposta dos anteriores. A sensação era de estar assistindo um Todo Mundo em Pânico mais sério, e só, será que eu exagerei?. O final, com o meio irmão de Sidney dizendo que ele persuadiu e induziu Stu e Billy a assassinar Maureen Prescott tirou toda a credibilidade dos vilões originais, além de ter um péssimo motivo. Não gostei! Apesar disso, o filme estabeleceu um recorde na sua abertura para o fim-de-semana. O número de telas nos Estados Unidos: 3.467. Este foi mais tarde superada por Missão Impossível 2 com 3.669.
Mas era o fim, sabe aquele filme ruim que todo mundo odeia mas você ama? É assim que me sinto quanto ao final da trilogia, até então. Não encontrei a cena de abertura, fico devendo...
Os anos passaram, 10 para ser mais preciso, e o anúncio se tornou oficial, Pânico 4 iria ser feito, dirigido por Wes Craven, escrito por Kevin Williamson, trio original de volta, novos talentos pipocando em Hollywood. Era o momento certo. Minha crítica a seguir exemplifica minha visão sobre Pânico 4 comparado a todas essas tranqueiras que a indústria vem produzindo atualmente.
Pânico 4 tem um motivo, bem forte, atual, reinventado, crítico e ácido para sua existência. Sua abertura nos remete a leva de filmes com muitas continuações, critica a imbecilidade que filmes como Jogos Mortais levam a essa nova geração que prefere ver algo explícito do que implícito. Pensar? Jamais! A brincadeira aqui é o sarro que as protagonistas da abertura, (isso mesmo, são várias, seis precisamente) tiram com a franquia Stab, como mencionado por uma delas, as continuações chegam a ser tão ridículas que até agridem, no Stab 5, por exemplo, eles nos remetem a viagens no tempo. Cadê o velho e querido cinema psicológico? Pois bem, está de volta, e tem um nome: Pânico 4.
O trio de protagonistas do original se mistura com rostos de atores da nova geração, Wes de alguma forma tinha que abocanhar esse público alvo, os jovens de hoje, que, definitivamente, não são os mesmos de ontem. Claro, uma geração não é igual a outra, mas o que essa não tem, como o filme faz questão em nos dizer, é um legado.
Na atual situação que o cinema se encontra, em meio a releituras, remakes, cópias de obras imortais, Pânico 4 não poderia deixar de ser mais inovador, utilizando a velha forma: diálogos inteligentes, trama envolvente, o mínimo de efeitos cg’s e uma boa direção. Aqui fica claro que Pânico 4 brinca com a nova e velha geração, nos regride em meados dos anos 90, com toda a tecnologia hi tech que temos atualmente, o resultado não poderia ter sido melhor. O filme critica a banalidade em que os jovens vivem hoje, usando de forma geniosa seu roteiro original, fazendo um remake crítico a todas as produções banais que Hollywood produz atualmente, que são consumidas diretamente pelo público alvo.
A antiga formula continua: um serial killer, vítimas, suspeitos, motivos, e sangue, na sua melhor forma. A diferença de Pânico 4 com outras produções do gênero é a originalidade. Frases críticas marcam a volta de Ghostface, como, por exemplo, a necessidade de se ter 15 minutos de fama, a necessidade de se ter fãs e não amigos, 1000 followers é mais importante do que 1 amigo de verdade.
Livros? Ler? Ninguém mais faz isso nos dias de hoje, diz o assassino no final, hoje tudo se grava, tudo se põe no You Tube, tudo é fácil. Estudar? Trabalhar? O que a América não faz pra ter seus 15 minutos de fama? Big Brother, pornografia caseira, mídia espontânea, está tudo em evidencia, num dos motivos mais forte de todos os filmes da franquia: A BANALIDADE explicitamente incutida na juventude de hoje.
Wes nos homenageia com ângulos de câmera, iluminação e cenas refeitas especialmente para os fãs, vejo o final de Pânico 4 como um final alternativo de Pânico. Num determinado trecho, Sidney desabafa: “Não foda com o filme original”, falando ironicamente ao assassino morto ao chão. Agora, é ou não é, o que qualquer saudosista gostaria de gritar aos quatro ventos? DON’T FUCK WITH THE ORIGINAL!!!
E assim eu estava vingado, pude esquecer a desgraça da terceira parte da franquia e por a cabeça no travesseiro à noite com a sensação de missão cumprida.
Olá, Rodrigo, tudo bem? Seu Blog é muito bom, você escreve bem e expressa-se com prática e facilidade. Continue assim e espero que este espaço tenha uma vida bem longa.
ResponderExcluirVamos à postagem?
Adoro Pânico. Depois de "A Hora do Pesadelo" e "Sexta-feira 13", precisávamos realmente de algo novo, uma nova série e Pânico preencheu esse espaço. O primeiro filme realmente tornou-se um belo clássico. O que foi aquela morte da Drew? Uma coisa de louco! Acho que de todas, foi a morte que mais me impressionou.
Gostei muito também do segundo filme, mas em geral a sequência acaba perdendo na intenção de tornar-se mais incrementada do que o primeiro filme. Então vemos os personagens, toda a movimentação e matança, mas o roteiro acaba ficando pouco evidente. Mas não tira os ótimos méritos do filme.
O Terceiro filme. Uma porcaria! Uma vergonha! Lixo!
Agora surge um quarto filme. Dava medo de imaginar em como seria por causa dessa onda de "remakes" malfeitos e também porque parecia que o gênero em si estava mais do que saturado. Mas eis que Wes Craven mostra que sempre há espaço para produções de qualidade e o novo filme agrada de verdade. Ainda traz Neve Campbell também, como ele conseguiu essa proeza??? Em geral, depois de tanto tempo, as atrizes protagonistas recusam-se a mais um novo filme de saga porque elas normalmente acabam tendo uma aparência já bastante diferente de antes ou porque já estão envolvidas em outros compromissos.
Gostei muito de quando você citou:
"Num determinado trecho, Sidney desabafa: “Não foda com o filme original”, falando ironicamente ao assassino morto ao chão. Agora, é ou não é, o que qualquer saudosista gostaria de gritar aos quatro ventos? DON’T FUCK WITH THE ORIGINAL!!!"
Ao meu ver, serviu também como um vômito em cima do "remake" idiota que fizeram de "A Hora do Pesadelo" em 2010. Bem feito!
Não preciso dizer que Wes Craven deu muita sorte a artistas em começo de carreira como, por exemplo, Jhonny Depp (A Hora do Pesadelo 1) e Patrícia Arquete (A Hora do Pesadelo 3).
Abraços. FabianoCaldeira.
Olá Fabiano! Fico muito grato pela sua visita e comentário, que bom que gostou do post! Pelo visto somos da mesma opinião sobre os filmes. Bem lembrado quanto as portas que Wes costuma abri aos jovens atores que escolhe para seus filmes. Johnny e Patricia são grandes talentos de hoje. Confesso que do elenco novo introduzido no quarto filme, Hayden Panettiere para mim é de longe a melhor! Vamos ver se daqui uns anos ela e Emma Roberts serão tão potentes quando Johnny e Patrcia são hoje! Assim espero!
ResponderExcluirAbraços!
Olá,cheguei ao seu blog por indicação do Fabiano(o amigo do comentário ali em cima) e já me deparo com esse post de Pânico.
ResponderExcluirConfesso que sou fã da franquia por todos os motivos que vc citou do filme original.
Pena que o 3ºfilme foi tão fraco. mas esse Pânico 4 conseguiu recuperar os bons tempos de Pânico.
O bom é que o próprio Wes foi quem esteve envolvido no projeto e claro que o filme ter a volta de Kevin Williamson nos roteiros ajudou afinal ninguém melhor que a dupla que trouxe o filme original para poder mexer na franquia. e melhor eles que sabem o que estão fazendo do que o perigo de algum alienado vir, fazer um remake e botar tudo a perder.
Abraços e boa sorte com o Blog novo o/
Olá Macgaren!
ResponderExcluirQue legal que o Fabiano te indicou, obrigado pelo interesse em ler e pelo comantário. Pois é, ainda bem que os criadores fizeram esse 4º filme, porque eu não aguentaria ver um remake de Pânico!
Abraços e continue acessando!
Olá Irmãozinho!
ResponderExcluirBom, você que me influênciou a assistir ''SCREAM" e eu amei, apesar de eu assistir de traz para frente. O primeiro SCREAM que eu fui assistir com você no cinema foi o 4. Foi muito legal!
Adorei o seu blog.
Beijos
Oi Ancy, até você comentando? Hahaha. Eu literalmente te obriguei a assistir né? To brincando, que bom que você gostou. Beijos!
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