sábado, 17 de março de 2012

Priscilla chega ao Brasil com muito glamour


Estreou hoje em São Paulo o musical Priscilla A Rainha do Deserto, adaptação para os palcos do filme australiano que em 1994 foi sucesso absoluto. Ganhador do Oscar de melhor figurino em 1995 e indicado a vários prêmios importantes do cinema como Bafta e Globo de Ouro, Priscilla conta a história de duas drag queens, Anthony/Mitzi e Adam/Felicia, e uma transsexual, Bernadette/Ralph, são contratados para fazer um show travesti em um resort em Alice Springs, uma cidade turística no remoto deserto australiano. Eles viajam a bordo de seu ônibus, Priscilla. No caminho, descobrem que a mulher que os contratou é a esposa de Anthony. O ônibus quebra, e é consertado por Bob, que passa a viajar com eles. Os atores que deram vida aos personagens do filme foram interpretados magistralmente por Terence Stamp (Bernadette), Hugo Weaving (Mitzi) e Guy Pearce (Felicia).


Agora é a nossa vez de poder prestigiar esse espetáculo que vem diretamente de Londres, com figurino original e todos os acessórios e cenários que vimos por lá.  Para importar toda a produção, foram gastos entre R$ 6 e R$ 7 milhões. As músicas também são todas originais, sem tradução, como "I Will Survive". Apesar de toda a produção ser importada, o elenco é composto apenas de brasileiros, 27 ao todo. A tríade de atores Luciano Andrey (Mitzi), Ruben Gabira (Bernadete) e Adam (André Torquato) interpretam as personagens de forma natural, mas em algumas cenas com necessidade vocal maior, deixam a desejar. Para apresentar hits como "Go West", do Village People e "I Say A Little Prayer For You", de Dionne Warwick, os atores dublam músicas cantadas por profissionais -- as chamadas "Divas", que dividem o palco durante as canções.
De acordo com o autor, o roteiro foi pouco adaptado, sem alterações exageradas e usando poucas gírias brasileiras, o que deixa o universo vivido no deserto da Austrália mais real. Os figurinos - cerca de 500 peças - e todo o cenário salta aos olhos com muita cor e glitter.



Entrevista do Papel Pop com os três atores principais da peça:


O autor Stephan Elliot, criador da clássica história "Priscilla, Rainha do Deserto", contou que o enredo que originou o filme e o musical, foi inspirado em uma drag queen brasileira durante evento para a imprensa que aconteceu na quarta passada.

Bem humorado, Stephen contou que teve a ideia de escrever a história em 1989, quando estava no Brasil para ver o Carnaval do Rio de Janeiro. No meio da multidão, ele viu uma drag e pensou: "Tenho que levar uma drag para o deserto da Austrália". Ele também disse que as "pessoas pensam que 'Priscilla' é sobre a cor, o figurino e a música, mas na verdade é uma história sobre amor e tolerância", afirmou. Atualmente, o autor é recém-casado com um brasileiro, que conheceu nessa visita ao país.

O musical está em exibição no Teatro Bradesco, fica no Bourbon Shopping aqui em São Paulo. Compre os ingressos pelo site oficial:  http://musicalpriscilla.com.br/  


domingo, 5 de fevereiro de 2012

Estamos em Xanadu

Quando pergundo, você já assistiu Xanadu? Geralmente 99% das pessoas dizem: Xana o que? É, quase ninguém que eu pergunte conhece ou se lembra do sublime flop disco roller feito em 1980 com Olivia Newton John, logo após seu sucesso em Grease. Aí eu falo, é com a Olivia Newton John, não se lembra? E provavelmente ela responderá: nunca ouvi nada dessa Olivia Neutron Bomb! Seria difícil afirmar que o filme resiste ao teste do tempo. A música "I'm Alive" (da banda ELO) pode estar tocando com alegria, mas o "grand finale" da fantasia ainda parece que foi filmado em um ginásio com cenário de papelão e, francamente, ninguém, nem mesmo Olivia, é muito hábil em seus patins . A presença de uma lenda como Gene Kelly é apenas embaraçosa para todos. Mas ainda assim, apesar das falhas inumeráveis, há algo realmente especial sobre este filme bobo. Parte dela, é claro, é a combinação de beleza dos olhos azuis e arregalados e dos cabelos loiros de Olivia Newton John com sua voz angelical, que desafia qualquer atuação cretina ou diálogos ordinários, e claro, a locação utilizada para o filme, o The Pan Pacific Auditorium, em Los Angeles, sendo a cereja do bolo. Essa obra-prima do streamline moderno, abriu suas portas em 1935, mas foi abandonado e "destruído" na década de 80, quando foi imortalizado no filme, transformado em "Xanadu" do título com um pouco de ingenuidade, e dinheiro do personagem de Gene Kelly. A foto aqui é a "capa do álbum" na qual Kira, uma musa e filha de Zeus, desce do Monte Olímpo de patins  (daí o "Nove Irmãs" do título, pois as filhas de Zeus são 9) e aparece para Sonny Malone (Michael Beck), para enfeitiçá-lo com um beijo. Ao ouvir esse detalhe da trama, as pessoas provavelmnente acham a plot mais imbecil que se possa imaginar para um filme. E no fundo acho que elas tem razão. Mas esqueça tudo isso por um minuto, olhe para os pináculos que fazem a deco dos anos 80 tão fantástica, olhe a coloração do por do sol ao fundo, as botas brancas e largas de Olivia e a aura opaca de neon em volta dela. Quando vejo tudo isso ainda sinto aquela emoção de reviver os anos 80 com esses filmes. Vocês podem chamar de nostalgia, mas eu chamo de mágica.

Até o próximo post!

domingo, 22 de janeiro de 2012

Aventurei-me com Tintin, e que aventura!


Só ontem pude embarcar numa das aventuras mais emocionantes que vivi nesse começo de ano. Depois da resolução do mistério alienígena que acompanhei em Super 8 e da revelação do mais novo serial killer de Woodsboro em Pânico 4, As Aventuras de Tintin fez com que eu entrasse no mundo do cinema em 2012 com o pé direito. Tintin nos é apresentado na tela numa singela homenagem de Spielberg ao desenho de Hergé, o personagem entra na trama de O Segredo do Licorne (quando eu via o desenho esse episódio tinha o nome de O Segredo do Unicórnio) por causa de uma miniatura de um Navio (que dá nome a aventura), todo cercado de muitos mistérios. Tudo está muito bem produzido, não só o roteiro fabuloso fielmente reproduzido, como os personagens humanóides caricatos. É possível visualizar os pelos dos braços do Tintin contra a luz do sol, os movimentos dos fios de cabelos ao vento, a iluminação do filme é esplendorosa, como tudo no longa. Nos vemos envolvidos no tal segredo do título, Milu descobre um mapa escondido dentro do mastro da miniatura do Licorne, depois de um acidente inesperado. Tintin é perseguidos por pessoas estranhas enquanto tenta solucionar, junto com o capitão Haddock, o segredo do Licorne, e nos leva de carona nessa fantástica aventura com gosto de nostalgia. Tintin não poderia ter ganho vida nas mãos de outro diretor sem ser Spielberg, tudo no longa é feito com muitos detalhes, é um road movie sem igual. Já conto os dias para comprar o Blu-ray! Que venha a próxima aventura.


segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

As Esganadas

Recentemente me vi submerso no estranho caso das esganadas. Jô Soares nos transporta para uma Rio de Janeiro de 1930, onde um serial killer tem um desejo insano: matar gordas! Os assassinatos em série são a especialidade do Jô. O interessante é que, se na maioria das obras do tipo, o assassino só seria conhecido nos capítulos finais do livro, em As Esganadas somos apresentados a Caronte (o assassino) logo no início da trama. Mais do que isso, conhecemos seus motivos e acompanhamos, divertidos, sua saga em busca de mulheres gordas e gulosas que lembrem sua mãe, a quem precisa castigar e assassinar diversas vezes através de suas vítimas. Uma das graças do livro é a utilização de personagens, fatos e curiosidades da época. A começar pelo clima político do Estado Novo, com a sombra de Filinto Müller a cobrar resultado da investigação (muitas gordas esganadas são de famílias importantes), enquanto a inclinação nazista vai se desenhando na ditadura Vargas. Além disso, o relato é pontuado por noticiários de rádio com seus reclames; por eventos esportivos, da Copa do Mundo de 38 na França a corridas de carro no Circuito Gávea, com participação de Chico Landi e do cineasta português Manoel de Oliveira; e pela geografia das ruas do Rio de Janeiro, com destaque para as confeitarias. Jô, escritor, acaba sendo muito mais engraçado e simpático que o entrevistador das madrugadas, que virou um personagem de si mesmo, muito ciente de sua imagem. Como diria Fernando Pessoa, personagem do livro: o bom poeta precisa ser um fingidor. Fica a dica: As Esganadas, Jô Soares, editora Companhia das Letras. Preço sugerido R$ 36,00.